quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Tríduo Pascal

"Tanto amou Deus o mundo, que lhe entregou o seu Filho Unigênito, a fim de que todo o que nele crê não se perca, mas tenha a vida eterna." (São João 3, 16).


Na vida litúrgica da Igreja celebramos a páscoa de Cristo não só a cada oitavo dia, no domingo, como páscoa semanal, mas, sobretudo na Semana Santa, como páscoa anual, no chamado Tríduo Pascal da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor. E a celebração do Tríduo Pascal é o centro não só do ciclo da páscoa como tal, mas também de toda a liturgia e da vida da Igreja.


Na quinta-feira, os fiéis entram em nova preparação, o Tríduo Pascal. O nome identifica os três dias que antecedem o Domingo de Páscoa e recordam a história de Jesus entre a Última Ceia e a Ressurreição. A quinta-feira santa é o dia em que se comemora a Última Ceia, que foi realizada antes de Jesus ser entregue aos romanos por Judas. Nela, Jesus oferece a Deus-Pai o seu Corpo e Sangue sob a forma do pão e do vinho. Nesse dia ocorre também a cerimônia do Lava-Pés, que lembra o gesto de Jesus ao lavar os pés dos apóstolos em sinal de humildade e serviço. A grande lição de Jesus na última ceia, aos lavar os pés dos discípulos, foi mostrar-nos que sem a partilha da própria vida não há vida eucarística.


A sexta-feira da paixão é o dia que relembra a Paixão e a Morte de Jesus. Não há celebração eucarística em nenhum lugar do mundo, mas a Igreja oferece uma liturgia em que lê o relato da Paixão e oferece a cruz para veneração dos fiéis às 15h, horário em que Cristo morreu. Ela não representa o sofrimento, mas sim uma imagem de salvação para os cristãos. Em várias paróquias, é realizada a encenação da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo. Os fiéis também participam de procissões.


No sábado santo também não há celebrações eucarísticas, e os cristãos esperam pela madrugada de sábado para domingo, em que se celebra a Ressurreição de Jesus. O sábado é um dia de introspecção, oração e reflexão. Na noite do sábado, começa a celebração da Vigília Pascal. A celebração da Vigília Pascal segue pela madrugada de domingo para celebrar a Ressurreição de Cristo. A Igreja entra em festa e o momento é de celebrar em família o retorno de Jesus à vida. Durante a vigília pascal, fazemos memória das ações maravilhosas de Deus na história da humanidade, renovamos nosso compromisso batismal. A Ressurreição prova aos cristãos que a morte não é o fim da vida e motiva os fiéis a continuarem espalhando a mensagem de Deus. A humanidade destrói e mata; Deus ressuscita e dá vida. A presença do ressuscitado provoca vida na comunidade.


E foi nesta festa de preparação para a Páscoa da ressurreição de nosso Redentor que nós, Postulantes do Seminário Redentoristas estivemos em missão na Paróquia Santa Terezinha no Bairro da Alvorada em Manaus, saímos na quinta feira à tarde para as comunidades às quais qual fomos destinados aos trabalhos pastorais. O objetivo de nossa pastoral teve como meta principal visita as famílias, levar a palavra de Deus às pessoas mais necessitadas, transmitir o amor de nosso Redentor por cada um de nós, prova maior, que ele deu a sua própria vida para salvação da humanidade. Pois é nesse período que a Igreja convoca os cristãos a olharem para dentro de si mesmos, a orarem mais e refletirem sobre seus erros e atos. A morte e o pecado continuam agindo no mundo. No Senhor ressuscitado encontram um sentido aceitável e, inserindo-se em um desejo de sabedoria e de amor, não causam mais medo.


A ressurreição de Jesus nos faz refletirmos na fé, a passagem para uma nova vida de nossa existência nesta terra. Enquanto aqui vivemos nos é dado um só mandamento: o do amor. Foi neste momento de espera que nós, Postulantes, junto com a comunidade procurávamos nas celebrações que aconteceram na paróquia, buscar o verdadeiro sentido de nossa missão aqui na terra. Buscarmos o amor em cada ser humano que precisa de nossa ajuda, porque o amor de Deus é imenso e profundo. Ele entregou seu filho para sofrer por nós naquela cruz, Jesus se entregou por nós, para que fôssemos salvos. Mas, mesmo assim, muitas vezes não conseguimos notar o amor incondicional de Deus por nós. Basta uma luta, para que esqueçamos tudo o que Deus fez por nós. Basta algo não sair da maneira que esperávamos, para falarmos “parece que Deus se esqueceu de mim”.


Mas, na verdade, quem está se esquecendo,somos nós, que nos esquecemos do Amor mais puro derramado em nós através do sacrifício da cruz. Até quando vamos abrir nossa boca para reclamar das lutas, ao invés de abri-la para glorificar a Deus? Até quando, nossos ouvidos estarão fechados pela cera, deixando de ouvir a voz de Deus? Quanto tempo mais, vamos esquecer a obra da cruz? Quanto tempo mais, vamos ficar sentados, sem pregarmos o evangelho, sem fazermos a obra de Deus?Deus está sempre pronto para nos receber em seus braços, mesmo quando somos tão falhos. Ele está sempre com as mãos estendidas para nos ajudar em meio às lutas cotidianas de nossa vida.


Mas, por que tudo isso? Porque Deus nos ama de maneira incondicional. A maior prova de amor foi na cruz, Ele se entregou por cada um de nós, tudo isso, porque Deus acredita em nós, porque ele nos ama e isso basta. É necessário entendermos que se algo não sai da forma que queríamos, Deus continua sendo Deus. Ele não precisaria fazer nada por nós, mas ainda assim, faz, porque ele é Deus, acima de todas as coisas, acima de todos.


É nessa dimensão de amor incondicional de Deus, que nós Postulantes Redentoristas, sentimo-nos felizes em levar aos corações humanos de cada comunidade, que nos recebeu de braços abertos, o sentido de Deus em suas vidas. Agradecemos a Deus por dar forças para juntos lutarmos por uma sociedade mais justa e fraterna. Que esta Páscoa, para nós, fique na lembrança e na certeza de que o pouco daquilo que fizemos possa gerar frutos de alegria e esperança no Senhor Jesus. Que cada dia mais, possamos crescer e vivenciar a ressurreição de Jesus na eucaristia, onde ele se faz presente para tornar-se alimento de nossa salvação, na esperança de uma vida plena e feliz no reino ao qual ele nos preparou desde a criação do mundo. E que nós na espera de sua volta estejamos realmente preparados para gozarmos desta felicidade celeste. A todos paz e benção do Santíssimo Redentor.


Messias dos Santos de Sousa

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